Enquanto
todos dormem, eu estou em lugares inimagináveis, matagais
intransponíveis, bueiros fétidos, casas abandonadas, entre outros
lugares a que alguém normal se recusaria ir;
Enquanto todos dormem, eu estou em alerta máximo, tentando não apenas
defender pessoas que nunca vi, nem mesmo conheço, mas também tentando
sobreviver;
Enquanto todos dormem no aconchego de suas casas debaixo dos cobertores, eu estou nas ruas debaixo da forte chuva, com frio e cansado madrugada adentro;
Enquanto todos dormem, eu estou travestido de herói e mesmo não tendo
superpoderes estou pronto para enfrentar o perigo, para desafiar a morte
e, ‘quiçá, sobreviver’;
Enquanto todos dormem, eu estou dividido entre o medo da morte e a árdua missão de fazer segurança pública;
Enquanto todos dormem, eu sonho acordado com um futuro melhor, com o
devido respeito, com um justo salário, com dias de paz, mas
principalmente com o momento de voltar para casa e de olhar minha esposa
e meus filhos e dizer-lhes que foi difícil sobreviver a noite anterior,
que foi cansativo e até frustrante, mas que estou de volta e que tenho
por eles o maior amor do mundo.
Esse texto eu dedico a todos os policiais que, como eu, só desejam voltar para casa vivos.
Alex Oliveira Suzarte
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O soldado da Polícia Militar (PM) Alex Suzarte, atingido fatalmente por
um disparo na cabeça durante uma ação EM 21/01/2012 em Poconé (a 102 km
de Cuiabá), morreu aos 32 anos cheio de indignação com as condições a
que estão sujeitos os trabalhadores da segurança pública em Mato Grosso.
É isso o que se depreende pelo teor de uma carta que escreveu, recentemente,
dedicada a seus companheiros. Se o documento, por si só, comove por
permitir que se lance um olhar à dura vida dos profissionais da polícia,
ganha ainda mais peso após a perda da vida do soldado para a violência
que assola o Estado.
“Esse texto eu dedico a todos os policiais que, como eu, só desejam
voltar para casa vivos”, finalizou o soldado em seu manifesto, agora
distribuído para a imprensa.
Ao longo do texto, intitulado “Enquanto todos dormem”, o soldado sempre
faz um contraponto com as dificuldades diárias de seu trabalho madrugada
adentro enquanto a maioria massacrante da população se encontra segura
em suas casas, dormindo.
“Enquanto todos dormem, eu estou travestido de herói, e mesmo não tendo
superpoderes estou pronto para enfrentar o perigo, para desafiar a morte
e, ‘quiçá, sobreviver’; enquanto todos dormem, eu estou dividido entre o
medo da morte e a árdua missão de fazer segurança pública”, diz um
trecho da carta.
fonte:blog da renata
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