domingo, 6 de maio de 2012



Enquanto todos dormem, eu estou em lugares inimagináveis, matagais intransponíveis, bueiros fétidos, casas abandonadas, entre outros lugares a que alguém normal se recusaria ir;

Enquanto todos dormem, eu estou em alerta máximo, tentando não apenas defender pessoas que nunca vi, nem mesmo conheço, mas também tentando sobreviver;

Enquanto todos dormem no aconchego de suas casas debaixo dos cobertores, eu estou nas ruas debaixo da forte chuva, com frio e cansado madrugada adentro;

Enquanto todos dormem, eu estou travestido de herói e mesmo não tendo superpoderes estou pronto para enfrentar o perigo, para desafiar a morte e, ‘quiçá, sobreviver’;
Enquanto todos dormem, eu estou dividido entre o medo da morte e a árdua missão de fazer segurança pública;
Enquanto todos dormem, eu sonho acordado com um futuro melhor, com o devido respeito, com um justo salário, com dias de paz, mas principalmente com o momento de voltar para casa e de olhar minha esposa e meus filhos e dizer-lhes que foi difícil sobreviver a noite anterior, que foi cansativo e até frustrante, mas que estou de volta e que tenho por eles o maior amor do mundo.
Esse texto eu dedico a todos os policiais que, como eu, só desejam voltar para casa vivos.
Alex Oliveira Suzarte
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O soldado da Polícia Militar (PM) Alex Suzarte, atingido fatalmente por um disparo na cabeça durante uma ação EM 21/01/2012 em Poconé (a 102 km de Cuiabá), morreu aos 32 anos cheio de indignação com as condições a que estão sujeitos os trabalhadores da segurança pública em Mato Grosso.
É isso o que se depreende pelo teor de uma carta que escreveu, recentemente,
dedicada a seus companheiros. Se o documento, por si só, comove por permitir que se lance um olhar à dura vida dos profissionais da polícia, ganha ainda mais peso após a perda da vida do soldado para a violência que assola o Estado.
“Esse texto eu dedico a todos os policiais que, como eu, só desejam voltar para casa vivos”, finalizou o soldado em seu manifesto, agora distribuído para a imprensa.
Ao longo do texto, intitulado “Enquanto todos dormem”, o soldado sempre faz um contraponto com as dificuldades diárias de seu trabalho madrugada adentro enquanto a maioria massacrante da população se encontra segura em suas casas, dormindo.
“Enquanto todos dormem, eu estou travestido de herói, e mesmo não tendo superpoderes estou pronto para enfrentar o perigo, para desafiar a morte e, ‘quiçá, sobreviver’; enquanto todos dormem, eu estou dividido entre o medo da morte e a árdua missão de fazer segurança pública”, diz um trecho da carta.
 
fonte:blog da renata

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