Delegados de Minas recebem o salário mais baixo do Brasil

Com
salário inicial de R$ 6.288,56 e sem qualquer gratificação para quem
ingressa na profissão, delegados da Polícia Civil de Minas têm a
remuneração mais baixa do Brasil, na comparação com os colegas de outros
Estados. A última colocação em um ranking nacional feito anualmente
pela Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Adpesp)
foi considerada "um vexame" por entidades que representam a classe em
Minas. Ao lado das más condições de trabalho, o pagamento pouco atrativo
é apontado como uma das principais causas de evasão do cargo.
Com
os descontos, o salário para servidores em início de carreira cai para
cerca de R$ 4.000. "É triste. Por isso que tantas pessoas estão
desistindo da profissão", afirma um delegado da região metropolitana,
que não quis ter o nome divulgado. No cargo há seis anos e com dois
quinquênios, ele recebe R$ 7.500 brutos, que viram cerca de R$ 6.000
líquidos. "Tem iniciante fazendo até ‘bico’ de taxista", diz.
No
ranking do ano passado, Minas era o penúltimo Estado, com salário de R$
5.849,08. A Adpesp se baseia em informações fornecidas por associações
de classe e entidades representativas para elaborar a lista. "Um
profissional bem-remunerado fica mais motivado e presta um serviço de
muito mais qualidade. Hoje, em vários Estados, faltam políticas sérias
voltadas para a segurança", analisa a presidente da associação paulista,
Marilda Pansonato Pinheiro.
Para
o cientista político Guaracy Mingardi, do Fórum Nacional de Segurança
Pública, a remuneração afasta bons bacharéis em direito que poderiam se
candidatar aos concursos para delegado. Muitos preferem tentar carreiras
como a de promotor de Justiça ou de juiz. "A longo prazo, ocorre uma
diminuição na qualidade daqueles que, efetivamente, lideram as
investigações dos crimes". Em Minas, promotores e juízes têm salário
inicial de R$ 20 mil - três vezes maior que o vencimento de delegados.
Trampolim.
São comuns os casos de delegados que, mesmo no cargo, continuam
estudando para outros concursos. "A carreira é usada como trampolim",
explica o presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia de Minas
Gerais (Sindepominas), Marco Antônio Abreu Chedid. Segundo ele, dois
abandonos, em média, são registrados por mês.
Em
São Paulo, segundo a Adpesp, a formação de um delegado, que inclui
cursos e treinamentos, custa entre R$ 80 mil e R$ 100 mil. O governo de
Minas não informou quanto gasta com cada profissional.
Sobrecarga-Trabalho.
No interior, delegados respondem por até sete cidades. Dos 853
municípios do Estado, só 344 têm delegacia. Segundo o governo, estão
sendo feitos estudos para avaliar se há necessidade de criar novas
unidades.


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