"Senhor,
umas casas existem, no vosso reino onde homens vivem em comum, comendo
do mesmo alimento, dormindo em leitos iguais. De manhã, a um toque de
corneta, se levantam para obedecer. De noite, a outro toque de corneta,
se deitam obedecendo. Da vontade fizeram renúncia como da vida.
Seu
nome é sacrifício. Por ofício desprezam a morte e o sofrimento físico.
Seus pecados mesmo são generosos, facilmente esplêndidos. A beleza de
suas ações é tão grande que os poetas não se cansam de a celebrar.
Quando eles passam juntos, fazendo barulho, os corações mais cansados
sentem estremecer alguma coisa dentro de si. A gente conhece-os por
militares...
Corações
mesquinhos lançam-lhes em rosto o pão que comem; como se os cobres do
pré pudessem pagar a liberdade e a vida. Publicistas de vista curta
acham-nos caros demais, como se alguma coisa houvesse mais cara que a
servidão.
Eles,
porém, calados, continuam guardando a Nação do estrangeiro e de si
mesma. Pelo preço de sua sujeição, eles compram a liberdade para todos e
os defendem da invasão estranha e do jugo das paixões. Se a força das
coisas os impede agora de fazer em rigor tudo isto, algum dia o fizeram,
algum dia o farão. E, desde hoje, é como se o fizessem.
Porque,
por definição, o homem da guerra é nobre. E quando ele se põe em
marcha, à sua esquerda vai coragem, e à sua direita a disciplina".
(MONIZ BARRETO - Carta a El-Rei de Portugal, 1893).
fonte: blog da renata
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